Como se não bastassem as dificuldades enfrentadas pela segurança pública, as agências de todo o país continuam sofrendo com a escassez no orçamento e no pessoal. Em Seattle, por exemplo, a quantidade de policiais atingiu seu nível mais baixo em mais de 30 anos, com menos 400 oficiais desde 2019.

O Departamento de polícia de Aberdeen, a cerca de duas horas de Seattle, também está sentindo a pressão.

“São tempos realmente difíceis para a segurança pública”, disse o detetive T.J. Millard do DP de Aberdeen. “O crime está aí, e é difícil encontrar pessoas que queiram fazer o trabalho. Não são apenas os oficiais que são afetados, mas as comunidades também”.

Diante desses desafios, a tecnologia emergente está ajudando oficiais, como o detetive Millard, a fazer mais com menos. Como em muitas agências, ele é basicamente uma banda de um homem só no departamento de perícia digital, aproveitando as ferramentas disponíveis para o bem maior de seu departamento e sua comunidade.

“Quando fui para as investigações alguns anos atrás, éramos um departamento pequeno sem muitos recursos em termos de tecnologia”, ele conta. “À medida que fui me estabelecendo na função, descobri o que nós tínhamos em mãos e do que precisávamos. A tecnologia pode montar ou solucionar qualquer caso, seja um Crime contra Crianças na Internet (ICAC), um homicídio ou crimes violentos”.

Caso em questão

De acordo com o detetive Millard, um caso em particular foi a gota d’água que fez o copo transbordar. Seu departamento recebeu uma pista do National Center for Missing and Exploited Children (NCMEC) envolvendo uma possível atividade de ICAC. Um dos cinco suspeitos era supostamente um pai usando a própria filha pra produzir imagens relacionadas ao ICAC.

“Foi aí que eu realmente entrei na perícia digital”, recorda o detetive Millard. “O relatório do Facebook de um dos suspeitos era um PDF de 20.000 páginas. E esse retorno foi de apenas um dos cinco suspeitos, então veja como isso é impressionante”.

Para aliviar a carga dessa tarefa trabalhosa, o detetive Millard primeiro analisou os dados do Facebook com as ferramentas do National Domestic Communications Assistance Center (NDCAC) do FBI e, depois, prosseguiu para o próximo nível com o Cellebrite Physical Analyzer.

“Isso mudou imediatamente nossa perspectiva geral do caso, pois nós poderíamos realmente entregar evidências digitais em um formato legível apresentável tanto para a acusação quanto para a defesa”, conta ele. “Como resultado, nós pudemos inocentar um dos suspeitos e condenar os outros quatro.”

Depois desse caso, o detetive Millard aderiu totalmente à inteligência digital. Ele discutiu sobre as limitações dos computadores do departamento com seu comandante, que era uma pessoa extremamente visionária – e concordou com o investimento.

“Ele me encarregou extraoficialmente de liderar a perícia digital dos departamentos. Isso me levou ao National Computer Forensics Institute (NCFI), onde são fornecidos treinamentos e equipamentos de altíssima qualidade”.

A colaboração pode fazer toda a diferença

Depois que o detetive Millard receber o treinamento do NCFI, ele incluiu o UFED 4PC e o Cellebrite Physical Analyzer da Cellebrite ao seu arsenal e passou a estabelecer parcerias fora do departamento e da região. Tendo trabalhado no setor bancário comercial por 12 anos antes de se mudar para a segurança pública, ele conhecia o poder das conexões e da colaboração. Construir um relacionamento com o FBI, com o Serviço Secreto e com outros parceiros federais estava no topo da lista.

Seus parceiros do FBI em Seattle ajudaram a acelerar um de seus casos envolvendo sequestro, roubo e agressão. Com um simples telefonema, ele pôde emprestar o Cellebrite Premium do departamento para acessar telefones celulares essenciais para o caso. Em menos de um dia, ele conseguiu a principal evidência para auxiliar na investigação.

“Quando precisamos muito, eles nos dão total apoio. E o Cellebrite Premium salvou o dia”.

Detetive Millard também destacou a importância de construir relacionamentos com outras agências – algo que ele acredita que às vezes os oficiais negligenciam. Ele está apto para dar uma mãozinha nas investigações dos grandes departamentos fora de Aberdeen que não estão tão familiarizados com o que há de mais recente em tecnologia.

“Uma vez que concluí com êxito alguns mandados de geofence, me tornei uma referência local para ajudar os departamentos vizinhos”.

Conforme a colocação do detetive Millard, a inteligência digital aumenta a confiança dos investigadores naquilo que eles estão fazendo para provar ou refutar o que realmente aconteceu. 

Olhando para frente (e para trás)

Em suma, a tecnologia e o policiamento andam de mãos dadas. Neste ponto, detetive Millard estima que tem aproximadamente 100 mandados por ano associados a evidências digitais. Ele também pôde voltar atrás e solucionar casos arquivados utilizando uma tecnologia que trouxe novas pistas para sua equipe.

Graças ao comprometimento e aos resultados que oficiais como o detetive Millard apresentam, os tomadores de decisões do setor de segurança pública estão constatando a importância das investigações digitais.

“Raramente você precisará procurar impressões digitais. Você vai recolher telefones e redigir mandados para buscar evidência digital, como em redes sociais”, ele explicou.

Evidências digitais e físicas costumavam ser manipuladas separadamente. Porém, nos últimos anos, os tribunais reconhecem e priorizam ambos os tipos igualmente em relação às suas cadeias de custódia e à integridade das evidências. Esse é um desenvolvimento fundamental, principalmente quando se trata de uma defesa que também está acompanhando o cenário tecnológico.

“Os advogados de defesa estão se atualizando cada vez mais sobre algumas das ferramentas utilizadas pela segurança pública”, disse o detetive Millard. “Eventualmente, nós vemos a defesa tentando encontrar falhas nos casos, mas é extremamente difícil descreditar uma evidência digital. Ela é infalível”.

Quando a tecnologia entrega uma evidência incontestável, o procurador pode usá-la para levar ao tribunal ou para fazer um acordo com a defesa. Os departamentos que puderam aproveitar o impacto da tecnologia obtiveram melhores resultados.

“Sem dúvida, se você não entrar no jogo da tecnologia no seu departamento, você o transformará em um desserviço”, enfatiza o detetive Millard.

Citações:

“Sem dúvida, se você não entrar no jogo da tecnologia no seu departamento, você o transformará em um desserviço.” Detetive T.J. Millard, Departamento de Polícia de Aberdeen, Washington

“A tecnologia pode montar ou solucionar qualquer caso, seja um Crime contra Crianças na Internet (ICAC), um homicídio ou crimes violentos.” Detetive T.J. Millard, Departamento de Polícia de Aberdeen, Washington

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